Os Doze Signos do Zodíaco, de T. Subba Row

 ESCRITOS ESOTÉRICOS (Esoteric Writings)

T. SUBBA ROW

Tradução: Elaine Bernardes da Fonseca

PREFÁCIO A PRIMEIRA EDIÇÃO

 Ao apresentarmos este pequeno volume para o público, não podemos deixar de pagar tributo à memória daquele que fez tanto pela causa das ciências ocultas.

A perda de Sr. T.Subba Row, mestre pela Universidade de Madras, e um dos maiores ocultistas do Sudeste da Índia, foi lastimável.

Tentamos ao máximo coletar fatos relativos à sua vida, com os amigos e os parentes próximos, para juntarmos às informações deste livro. Mas, lamentamos informar, que nossos esforços nesse sentido, foram mal-sucedidos.

Não tivemos, eno, nenhuma alternativa, além de copilar as informações registradas pelo Coronel H.S. Olcott, na revista O Teosofista. O Sr. Subba Row foi um membro da Sociedade Teosófica, e era altamente respeitado, não somente por todos seus membros, como também pela Madame Blavatsky, pela sua grande erudição e proficiência em quase todos os ramos das ciências ocultas. Madame Blavatsky costumava consultá-lo sempre que houvesse algum problema complexo a ser resolvido. E nós sabemos, que ela lhe mandava os manuscritos da Doutrina Secreta, para que ele os corrigisse e os alterasse; mas ele declinava o trabalho, porque pensava que o mundo ainda não estava preparado para aceitar as revelações de tais segredos ocultos. Sr. T. Subba Row não escreveu nenhum livro sobre ciências ocultas, mas deixou uma seleção de palestras e artigos que eram publicados na revista O Teosofista, e que mostravam a real profundidade de seu conhecimento.

Em1887, Subba Row, na Convenção da Sociedade Teosófica, em Adyar, Madras, deu uma série de palestras para auxiliar os teosofistas e outros nos estudos da filosofia da BHAGAVAD-GITA.

Nós sabemos quão difícil é entender a filosofia da Gita, apesar dos comentários escritos em sânscritos e nas línguas ocidentais.

Todos conhecem muito bem a história de Arjuna e Sri Krishna, e a conversa entre eles na Gita, diante do campo de batalha.

Sr. Subba Row fez um comentário sobre essa filosofia, de forma a que fosse elucidativo e o mais claro possível. Essas palestras estão disponíveis em um livro separado. Essas leituras trouxeram à luz uma diferença de opinião entre H.Blavatsky e T.Subba Row acerca dos kosas ou princípios pelos quais o ser humano é formado.

Isso resultou em uma controvérsia escrita entre eles, que o leitor encontrará reimpresso neste livro. Embora a maioria dos artigos aqui reproduzidos são de caráter controverso, o leitor vai achá-los de grande valor emérito.

Além desses artigos, estamos em posse de várias notas de variados assuntos, escritos por Subba Row a um grupo seleto de escolhidos. Mas lamentamos dizer que eles estão incompletos.

Também chegou-se a cogitar a possibilidade de não se publicar as notas.

Sr. Subba Row fez, também, contribuições para os jornais locais e revistas, mas pensamos ser desnecessário republicá-los, já que versam apenas sobre questões políticas e sociais.

Não podemos deixar de agradecer nosso irmão respeitado, o honorável Sr. Subramania Iyer por sua ajuda valiosa, no sentido pecuniário, ao ajudar a publicar este livro e outros trabalhos.

Bombay, 1º Abril, 1895.

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I- OS DOZE SIGNOS DO ZODÍACO

A divio do Zodíaco em diferentes signos data de tempos remotos. Adquiriu essa divisão celebridade mundial, e é encontrado nos sistemas astrológicos de vários países até hoje.

A invenção do zodíaco e de seus signos, de fato, foi atribuída a diferentes nações por diferentes arqueólogos.

Dizia-se, que inicialmente, havia apenas 10 constelações.

Um desses signos foi dividido em dois signos, e um novo signo foi adicionado para perfazer o número perfeito de doze signos.

É bastante provável que a real concepção filosófica dessa divisão tenha pertencido originariamente a uma nação, e os nomes dados aos signos, traduzidos para a língua de outras nações.

O principal objetivo deste artigo não é dizer qual país teria a honra de ter dado, primeiro, o nome para determinado signo ou não, mas sim, indicar a extensão do significado filosófico real por trás do nome de cada signo, e a forma de se descobrir o seu significado oculto.

Pelo que foi dito, é preciso inferir, que, como muitos mitos e alegorias, a invenção do ZODÍACO e seus signos tem suas origens na Índia Antiga.

Qual é a real origem desses signos, qual a concepção filosófica atrás do zodíaco?

O que eles realmente representam? Será que estes variados signos meramente representam a forma ou a configuração das diferentes constelações incluindo suas divisões, ou são elas, simplesmente, máscaras desenhadas para cobrir algum significado oculto?

Os hindus conheciam a precessão dos equinócios, como pode ser facilmente verificado por seus almanaques publicados por hindus astrônomos.

Consequentemente, eles eram conscientes do fato que as constelações nas várias divisões zodiacais não eram fixas.

Eles não puderam, portanto, ter designado formas particulares a esses grupos em constante movimento, com relação ao zodíaco.

Mas os nomes indicados pelos signos zodiacais permanecem inalterados.

É preciso inferir, eno, que os nomes dados pelos vários signos não possuem conexão com as configurações das constelações incluídas nele.

Os nomes indicados para estes signos, em sânscrito antigo, com seu significado literal ou esotérico são os que seguem:

 

Nome do signo

Significado esotérico

1- Mesam

1- Ram ou Áries

2- Rsabham

2- Touro ou Taurus.

3- Mithunam

3- Gêmeos (masculino e feminino)

4- Karkatakam

4- Câncer ou caranguejo

5- Simham

5- Leão

6- Kanyã

6- Virgem ou Virgo

7- Tulã

7- Balança ou Libra

8- Vrscikam

8- Escorpião ou Scorpio

9- Dhanus

9- Arqueiro ou sagitário

10-Makaram

10- Crocodilo ou capricórnio

11- Kumbham

11- Aguadeiro ou Aquário

12- Mînam

12- Peixes

Os desenhos das constelações, que foram primeiro incluídas, não se pareciam com animais, répteis e ou objetos.

A verdade dessa assertiva pode ser dada observando-se, hoje, a configuração de várias constelações. Exceto pela imaginação do leitor, a constelação de capricórnio e a de câncer, dificilmente, representam esses animais.

Os signos do zodíaco têm mais de uma interpretação.

De um ponto de vista, eles representam os diferentes estágios de criação até o momento presente do Universo material, e os 5 elementos que passaram a existir desde então.

Como a autora de Ísis sem Véu afirmou, "a chave precisa ser girada 7 vezes", a fim de se entender a filosofia toda por trás desses signos. É muito afortunado que os nomes designados em sânscrito para as várias divisões da filosofia ariana contenham dentro deles mesmos a chave para a solução do problema.

Aqueles entre meus leitores que estudaram, até uma certa extensão, os mantras antigos e os Tantra Sastras da Índia, verão que, frequentemente, palavras sânscritas são feitas de modo a conter certo significado oculto, por meio de bem conhecidos métodos pré-arranjados e uma convenção tácita, enquanto seu significado literal é algo completamente diferente do significado implícito.

Seguem-se algumas regras pelas quais o pesquisador pode usar para descobrir o significado mais profundo da nomenclatura do sânscrito antigo, que é usado em antigos mitos arianos e alegorias:

1-    Ache um sinônimo da palavra usada e seus outros significados.

2-    Ache o valor numérico das letras compondo a palavra de acordo com os métodos dados em trabalhos tântricos antigos.

3-    Examine os antigos mitos e alegorias, se há algum, que tenha alguma conexão especial com a palavra em questão.

4-    Permute as diferentes sílabas que compõem a palavra, e examine a nova combinação e o seu significado, etc.

Eu aplicarei alguma dessas regras para o nome dos 12 signos do zodíaco:

 

ÁRIES OU MESAM 

Um dos sinônimos para a palavra Mesam é Aja.

Agora Aja, literalmente, significa "aquele que não tem nascimento", e se refere ao eterno Brahman, em certas porções do Upanishad.

Então o primeiro signo tem como intenção representar Parabrahman, o auto-existente, eterno e causa auto suficiente.

 

 TOURO OU RSABAM

Rsabam é usado em vários lugares dos Upanisads e dos Vedas para significar Pranava (AUM).

Sankaracharya interpretou dessa forma em várias porções de seu comentário.

 

GÊMEOS OU MITHUNAM

Este signo tem o objetivo de mostrar o primeiro andrógino, o Ardhanãrisvara, a bissexual Sefira-Adam Kadmon.

 

CÂNCER OU KARKATAKAM

Quando as sílabas são convertidas nos correspondentes números e transformados de acordo com as regras do Mantra Shãstra, a palavra em questão será representada por ////.

Esse signo é, evidentemente, uma representação do Tetragrama, o Parabrahmatãrakam;

o Pranava resumido em 4 entidades separadas, que correspondem, por sua vez, aos 4 Mátrãs;

os 4 Avasthas (estados) indicados por Jãgrat Avastha (acordado), Svapana Avastha (sonho), Sushupti Avastha (sono profundo) e Turiya Avastha (o último estado, isto é, Nirvana), mesmo que ainda em potencialidade;

os quatro estados de Brahman chamado de Vaisvãnara, Taijasa (ou Hiranyagarbha), Prajna e Isvara, e representado por Brahmã, Vishnu, Mahhésvara e Sadãshiva;

os 4 aspectos de Parabrahman como Sthulam, Suksmam, Bijam e Sãksi;

os 4 estágios ou condições do nome sagrado nomeado Parã, Pasyanti, Madhyama e Vaikhari;

Nãdam, Bindu, Sakti e Kalã.

Este signo completa o primeiro quartenário.

 

LEÃO OU SIMHAM

Essa palavra contém um mundo de significado oculto dentro de si mesmo; e não seria prudente de minha parte revelar todo o seu significado neste artigo.

Dois de seus termos sinônimos são Pañcãsyam e Hari, e seu número na ordem da divisão zodiacal (sendo o 5º signo) aponta claramente para o primeiro significado.

Este sinônimo, Pañcãsyam mostra que o signo tende a representar os 5 Brahmas, nomeadamente, Isanam, Aghõram, Tatpurusam, Vãmadevam, e Sadyojãtam - os 5 Buddhas.

O segundo sinônimo, Hari, significa Nãrãyana, o Jivãtma ou Pratyagãtma. (O Sukharahasya Upanisad mostra que os antigos filósofos arianos percebiam Nãrãyana como o Jivãtma. Os vaishnavitas podem não admiti-lo. Mas, como um Advaiti, eu percebo o Jivãtma como idêntico ao Paramãtma em sua essência real quando deixado de lado seus atributos fictícios criados por Ajñãnam ou avidyã (ignorância).

O Jivãtma é corretamente colocado no 5º signo contado a partir de Áries, já que o 5º signo é o putrasthãnam, ou a casa do filho, de acordo com as regras da astrologia hindu.

O signo em questão representa Jivãtma - o filho de Paramãtma.

(Eu devo dizer que Jivatma representa o Cristo real, o espírito puro, embora os missionários vão negar essa interpretação.) 

Eu só vou acrescentar que, se este signo não for compreendido, será impossível compreender os próximos três signos em seu significado completo.

Os elementos ou entidades que possuem um mero potencial de exisncia neste signo tornam-se distintas entidades nos próximos três signos.

A sua união em uma única entidade leva à destruição deste Universo material, e o reconhecimento do puro espírito e sua separação tem o efeito contrário.

Leva a uma existência ligada ao terreno e traz à tona a avidyâ (ignorância) ou mâyâ (ilusão).

Se a verdadeira ortografia do nome pelo qual o signo em questão é indicado for propriamente entendido, perceber-se-á que os 3 próximos signos não são o que deveriam ser. 

Kanyâ ou Virgem

Vrscikam ou Escorpião e

Tulã ou Libra

Kanyâ ou Virgem e Vrscikam ou Escorpião deveriam formar um único signo, e Tulã ou Libra deveria segui-los, mas, em verdade, separou-se Virgem de Escorpião, colocando-se Libra entre os dois signos.

 

VIRGEM OU KANYA

Kanyã significa a virgem e representa a Shakti ou mahamãyã. O signo em questão é o sexto signo ou divisão e indica que são 6 forças primárias na natureza. Essas forças têm diferentes nomes na filosofia sânscrita.

De acordo com o sistema de nomenclatura usado, são chamadas de 

(1)   Parãsakti;

(2)   Jñanasakti;

(3)   Icchãsakti (vontade-poder);

(4)   Kriyãsakti;

(5)   Kundalinisakti; e

(6)   Mãtrkãsakti.

 

(1) Parãsakti significa literalmente a grande força suprema ou poder. Inclui o poder do calor e da luz.

(2) Jñanasakti é o poder do intelecto ou o poder da sabedoria verdadeira ou do conhecimento. Tem os seguintes aspectos:

(a) quando sob o controle das condições materiais, manifesta-se da seguinte forma:

o poder da mente em interpretar as sensações;

o poder de lembrar ideias passadas (memória) e ver coisas futuras;

a condição psicológica de estabelecer conexões entre vários grupos de sensações e possibilidades de sensações, de modo a gerar a noção de um objeto externo;

o poder de conectar nossas idéias é a ligação misteriosa de nossa memória, de forma a gerar a noção de eu ou individualidade.

(b) manifestações livres das ligações da matéria, que se manifestam em clarividência e psicometria.

(3) Icchãsakti é o poder da vontade. A sua forma mais comum é a geração de certas correntes nervosas que colocam em movimento os músculos necessários para o cumprimento de tal desejo.

(4) Kriyãsakti que é o poder misterioso do pensamento que permite produzir resultados fenomenais externos por sua própria energia inerente.

Os antigos tinham a noção de que uma ideia se manifestará externamente se nossa atenção está profundamente concentrada nela.

Similarmente, um intenso desejo vai ser seguido pela realização deste. Um Yogi geralmente faz suas mágicas por meio do Icchãsakti e do Kriyãsakti.

(5) Kundalinisakti: literalmente o poder da força que move em forma serpentina ou em curva.

É o princípio universal que em todo lugar se manifesta na natureza.

Essa força inclui as duas grandes forças da atração e repulsão. Eletricidade e magnetismo não são nada mais do que manifestações disso.

Esse é o poder ou força que traz o "contínuo ajustamento das relações internas com as relações externas, que é a essência da vida conforme Herbert Spencer, e que "os contínuos ajustamentos de relações externas às internas" formam a base da ideia da transmigração das almas ou punarjanman (renascimento) de acordo com a doutrina dos Antigos filósofos hindus.

Um Yogi deve se esforçar arduamente para subjugar essa força antes de atingir Moksha. Essa força é, de fato, a grande serpente, da bíblia.

(6) Mãtrkãsakti é a força do poder das letras ou da fala ou da música. O conjunto do antigo Mantra Sãstra tem essa força ou poder em todas as manifestações da matéria.

O poder da palavra que Jesus Cristo fala é uma manifestação dessa shakti.

A influência da música é uma das suas manifestações mais comuns. O poder do nome inefável é a coroa dessa shakti.

A ciência moderna tem parcialmente investigado a primeira, segunda e quinta das forças acima mencionadas, mas ainda está na escuridão em relação aos outros poderes.

As seis forças estão em sua unidade representadas pela Luz Astral.

Até o nome de Kanyã (Virgem) mostra como todos os antigos sistemas esotéricos concordam em todas suas doutrinas fundamentais. Os cabalistas e os filósofos herméticos chamam de Luz Astral a "Virgem Celestial ou paradisíaca".

A luz astral na sua unidade é a 7ª. Dessa forma, os 7 princípios difundidos em cada unidade ou os 6 e o 1 - dois triângulos (3 + 3) mais a coroa (1). - Ed., O Teosofista. 


LIBRA OU TULÃ

Quando representado por números de acordo com o método acima mostrado, essa palavra é convertida em 36.

Esse signo, logo, representa os 36 Tattvams.

(O número de Tattvams é diferente de acordo com a visão dos diferentes filósofos; mas por Sãkteyas e por vários antigos Rishis, como Agastya, Durvãsa e Parasurãma, etc., o número de Tattvams foi estabelecido em 36).

Jivãtma difere de Paramãtma, ou, para dizer a mesma coisa em outras palavras, "Baddha" difere de Mukta, por estar encapsulado, por assim dizer, em 36 Tattvams.

Esse signo prepara o caminho para o Adão terreno, para Nara.

O emblema de Nara é apropriadamente relacionado com o 7º signo.


 ESCORPIÃO OU VRICHIKAM

É estabelecido pelos antigos fisofos que o sol, quando localizado nesse Rãsi (signo) ou divisão, é chamado de Vishnu (ver o 12º Skanda do Bhãgavata).

O signo tem o objetivo de mostrar Vishnu.

Vishnu, literalmente, significa "aquele que é expandido" - expandido como Visvam ou Universo.

Para falar de forma apropriada, Visvam em si mesmo é Vishnu (ver comentário de Sankaracãrya no Vishnusahasranãmam).

Eu já inferi que Vishnu representa o Svapnãvastha ou o Estado de Sonhos.

O signo em questão significa propriamente o universo pensado ou o Universo na concepção divina.

É, apropriadamente, posicionado como signo oposto a touro ou Rishabam ou Pranava (AUM).

A análise do Pranava de cima para baixo leva ao Universo do pensamento, e a síntese do Universo de baixo para cima leva ao Pranava (AUM).

Nós chegamos agora ao estado ideal do Universo antes de ele chegar à existência material.

A expansão do Bijam ou do germe primitivo que forma o Universo é somente possível quando os 36 Tattvams são interpostos entre Mayâ e Jivâtma.

O estado de sonho é inferido pela instrumentalidade desses Tattvams.

É a existência desses Tattvams que faz Hamsa existir.

A eliminação desses Tattvams marca o começo da síntese em direção a Pranava e Brahmam, e converte Hamsa em Soham.

Como se intenciona representar os diferentes estágios de criação de Brahma em direção ao Universo material, os três signos Kanyã, Tulã, e Vrishikam (Virgem, Libra e Escorpião) estão posicionados em tal ordem, que agora são três signos separados.


SAGITÁRIO OU DHANUS

Quando decodificado em números, o nome Dhanus equivale a 9, e o signo em questão é o 9º, contando a partir de Áries.

Logo o signo indica, claramente, os 9 Brahmas - os 9 Prajãpatis que ajudaram o Demiurgo na construção do universo material.


CAPRICÓRNIO OU MAKARAM 

Há alguma dificuldade em interpretar essa palavra; embora contenha dentro de si a chave para sua correta interpretação.

A letra “Ma” equivale ao nº 5, e “Kara” significa mão.

Agora, em Sânscrito, tribhujam significa um triângulo, bhujam ou karam (ambos são sinônimos) podem ser entendidos como lado. 

Então Makaram ou Pañcakaram significa um pentágono. 

Agora Makaram é o 10º signo e o termo Dasadisa é, geralmente, usado por escritores sânscritos para denotar as faces do Universo.

O signo em questão pretende representar as faces do universo e indica que o desenho do Universo é feito de pentágonos.

Se pegarmos os pentágonos como pentágonos regulares (na suposição de que o Universo é simetricamente construído) a figura do universo material vai, de fato, ser um dodecaedro, o modelo geométrico utilizado pelo demiurgo para construir o universo material.

Se Tula fosse subsequentemente inventado, e se, em vez dos três signos virgem, libra e escorpião, houvesse apenas 1 signo que os representasse, capricórnio seria, então, o 8º signo, no sistema antigo, e é um fato significativo que os escritores sânscritos geralmente falam de astadisha ou as 8 faces que limitam o espaço.

É bem possível que o número de disha possa ter sido alterado de 8 para 10, quando o antes existente Virgem-Escorpião foi dividido em três signos separados.

De novo, Kara deve ser usado para representar os triângulos que se projetam da estrela de cinco pontas.

Essa figura deve ser como uma espécie de pentágono regular (veja o trabalho de Todhunter, Trigonometria Esférica, pg.143).

Se essa interpretação for aceita, o Rãsi ou signo em questão representa o microcosmo.

Mas o microcosmo ou o mundo do pensamento é realmente representado por Vrishikam.

De um ponto de vista objetivo, o “microcosmo” nada mais é do que o corpo humano.

Mãkaram pode ser usado para representar, simultaneamente, tanto o microcosmo quanto o macrocosmo, como objetos externos de percepção.

Em conexão com este signo, tenho a dizer algumas coisas, principalmente, para aqueles interessados nas antigas ciências ocultas da Índia.

Geralmente é dito pelos antigos filósofos que o macrocosmo é similar ao microcosmo, ao ter um Sthula Sariram e um Suksma Sariram.

O Universo visível é a Sthula Sariram do Vishvam.

Os antigos filósofos sustentavam que, como substrato para esse universo visível, há outro universo - talvez nós o chamemos do Universo da Luz Astral – o real Universo de Noumena, a alma, por assim dizer, desse Universo visível.

É sugerido, veladamente, em certas passagens do Veda e dos Upanishades, que o Universo oculto da luz astral é representado pelo Icosaedro.

A conexão entre o Icosaedro e um dodecaedro é algo muito peculiar e interessante, embora as figuras pareçam ser tão diferentes uma das outras.

A conexão deve ser entendida pela construção geométrica já falada. Desenhe uma esfera em torno de um Icosaedro; deixe que perpendiculares sejam desenhadas do centro da esfera sobre suas faces e produzidas, de tal forma, a encontrar a superfície da esfera. Agora, se os pontos de interseção forem ligados, um dodecaedro é formando dentro da esfera.

Por um processo similar um icosaedro pode ser construído de um dodecaedro (veja Trigonometria esférica, de Todhunterp.141, art.193).

A figura acima descrita vai representar o Universo da matéria e o Universo da luz astral como presentemente existem.

Eu não sei, contudo, como proceder para mostra como o Universo da Luz astral pode ser considerado sob a luz de um Icosaedro.

Eu somente direi aqui que essas concepções dos filósofos arianos não são para serem percebidas como "bobagem teológica" ou como produto de uma loucura divina.

O significado real da questão concebida pode, eu acredito, ser explicada em referência à psicologia e à ciência física dos antigos.

Mas eu devo parar por aqui.

 

AQUÁRIO OU KUMBHAM

Quando representada por números, a palavra em questão representa 14.

Pode ser facilmente percebido, então, que a divisão em questão tem por intenção mostrar o Caturdasa bhuvanam ou os 14 lokams (lokas) explicados nos livros sânscritos.

 

 PEIXES OU MINAM

Essa palavra é representada pelo número 5 e, obviamente, intenciona mostrar a iia de Pañcamahãbhutams ou os 5 elementos.

O signo, também sugere a água (não a água comum, mas o solvente universal dos antigos alquimistas).

É o mais importante entre os elementos.


Eu agora terminei a tarefa que me propus no início deste artigo.

Meu propósito não é explicar a antiga teoria da criação ela mesma, mas para mostrar a conexão entre aquela teoria e a divisão do zodíaco.

Eu trouxe aqui uma pequena porção da filosofia relacionada a esses signos.

O véu que foi, tão magistralmente, colocado sobre esses signos pelos antigos filósofos nunca será levantado.

Agora para resumir os fatos apresentados neste artigo, os conteúdos do primeiro capítulo da história do Universo são os seguintes:

1. Aries: o auto-existente, eterno Brahman.

2. Touro: Pranava (AUM).

3. Gêmeos: o Brahman andrógino, ou a Sefira bissexual - Adam Kadmon.

4. Câncer: o Tetragrama sagrado; as 4 mãtrãs do Pranava; as 4 avasthãs; os 4 estados de brahman - o sagrado Tãrakam.

5. Leão: os 5 Brahmas; os 5 Buddhas, que representam em sua totalidade o Jivãtma.

6. Virgem: a luz astral; a Virgem sagrada; as 6 forças da natureza.

7.  Libra: os 36 Tattvams nascidos de Avidyã.

8. Escorpo: o Universo em pensamento; o Svapna Avasthã; o Microcosmo percebido de um ponto de vista subjetivo.

9. Sagitário: os 9 prajãpatis; os assistentes do demiurgo.

10. Capricórnio: o desenho do Universo material na mente do demiurgo; o dodecaedro.

11. Aquário: os 14 lokams.

12. Peixes: os 5 elementos.

A história da criação deste mundo do seu começo ao presente é composta de 7 capítulos.

O sétimo capítulo ainda não está completo.

 

Triplicane, Madras, 14 de setembro de 1881.



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